terça-feira, 26 de junho de 2018

Lesões dos Nervos Periféricos do Membro Superior

Lesões dos Nervos Periféricos do Membro Superior


Os nervos periféricos do membro superior são ramos do plexo braquial e são compostos pelo nervo radial, nervo mediano, nervo ulnar e nervo musculocutâneo, este último inerva a região anterior do braço e transforma-se em nervo cutâneo lateral do antebraço, obtendo funções sensitivas.

Lesão do nervo radial
  • Mão caída, com alusão à incapacidade de extensão do punho e dos dedos;
  • Principal causa: Fratura de úmero;

Lesão do nervo ulnar
  • Mão em garra, com alusão à incapacidade de fletir os dedos mínimo e anular, além de não aduzir o polegar;
  • Principal causa: Fratura no epicôndilo medial;

Lesão do nervo mediano
  • mão em benção, com alusão à incapacidade de cerrar o punho e flexionar os dedos indicador e médio;
  • Principais causas: Fratura da epífise distal do úmero e lesões perfuro-cortantes no pulso, tendo ainda a síndrome do túnel do carpo como uma causa de compressão do nervo mediano;

Autora do texto: Natalia Sampaio - Acadêmica de medicina

    



quarta-feira, 20 de junho de 2018

QUEIMADURAS

QUEIMADURAS

O período o junino começou e vamos ter atenção às queimaduras por fogos de artifício, principalmente no Nordeste Brasileiro, onde o São João é mais tradicional e a incidência de queimados por fogo aumenta significativamente.

As queimaduras podem ser térmicas, elétricas, químicas ou radioativas. No caso dos fogos de artifício elas são do tipo térmicas e subdividem-se em 3 graus:
  • 1º grau - atinge apenas a epiderme e causa vermelhidão, edema e dor.
  • 2º grau - atinge a epiderme e a derme e surgem bolhas no local, podendo a bolha ser roséa, umida e dolorosa (superficial) ou branca, seca e indolor (profunda).
  • 3º grau - ultrapassam a derme e apresentam-se como uma placa esbranquiçada ou enegrecida. Esse tipo de queimadura não se reepitaliza.

Os cuidados imediatos que se deve tomar nesses casos são:
  • Segurança da cena;
  • Parar o processo de queimadura;
  • Lavar com água corrente até a dor passar;
  • Proteger com tecido seco e estéril (preferencialmente) ou limpo;

Obs: Pessoas que estiverem em chamas, deve-se pedir para ela rolar no chão e/ou cobri-la com um cobertor molhado para abafar o fogo.

CUIDADO COM AS CRIANÇAS!!! ⚠️



Autor do texto: Rafael Teixeira - Acadêmico de medicina





segunda-feira, 18 de junho de 2018

SÍNDROME DE SHEEHAN

SÍNDROME DE SHEEHAN


Também chamada de hipopituitarismo pós-parto, esta síndrome rara decorre de uma necrose da hipófise (glândula pituitária) resultante de uma forte perda de sangue e choque hipovolêmico durante ou pós-parto. 



A lesão da determinada glândula acarreta uma série de alterações endócrinas, visto o fato de a hipófise ser a “glândula mestra”, que secreta hormônios que controlam outras glândulas, o que resulta em diversos sintomas nos pacientes de sexo feminino. 



Os sintomas podem aparecer logo após o parto, mas também podem aparecer após meses ou até anos e dentre os principais sintomas estão: dificuldade ou incapacidade de amamentar, perda de pelos pubianos e das axilas, dificuldade em manter a temperatura corporal, baixa pressão arterial (hipotensão), fadiga, ganho ou perda de peso, ausência (amenorreia) ou infrequência (oligorreia) da menstruação e função mental prejudicada. 



O diagnóstico da Síndrome de Sheehan é difícil e pode ser realizado através de uma boa história obstétrica da paciente, visualização de sinais clínicos de hipopituitarismo, tomografia computadorizada e avaliação de níveis hormonais e função hipofisária. Essa síndrome é tratada com reposição hormonal durante toda a vida da paciente e podem ser utilizados fármacos como corticosteróides, Levotiroxina e hormônio do crescimento.



Autor do texto: Bruno Gouveia - Acadêmico de medicina

sexta-feira, 15 de junho de 2018

LESÃO DO NERVO TORÁCICO LONGO

LESÃO DO NERVO TORÁCICO LONGO

A escápula é um osso que se encontra projetado contra as costelas na face posterior do tórax devido a ação do músculo serrátil anterior, que protrai e rotaciona a escápula. 

A inervação do músculo serrátil anterior se dá pelo nervo torácico longo, o qual quando lesionado, deixa de exercer sua função, inutilizando o serrátil.

Sem a função de protair e rotacionar a escápula, surge o quadro de ESCÁPULA ALADA.

O diagnóstico é realizado através de um exame no qual o paciente é solicitado a realizar força contra a parede com os membros superiores simultaneamente, o que mostrará no lado comprometido uma projeção da escápula para fora, lembrando um aspecto de asa.

OBS: O quadro de escápula alada pode ser ocasionado, além da lesão do nervo torácico longo, por várias causas, como: lesão do nervo espinal acessório, desequilíbrio muscular, fraturas, luxações, distrofia facioescapuloumeral e lesão do manguito rotador.

Autor do texto: Rafael Teixeira - Acadêmico de medicina




quarta-feira, 13 de junho de 2018

COMO SURGEM AS ESCARAS OU ÚLCERAS DE DECÚBITO

COMO SURGEM AS ESCARAS OU ÚLCERAS DE DECÚBITO 

Escara é uma porção de tecido cutâneo necrosado. A área morta possui uma coloração escura e encontra-se separada do tecido subjacente. A área afetada perde a sensibilidade e pode variar de tamanho, desde o da cabeça de um alfinete até grandes placas.

Escaras ou úlceras de decúbito ocorrem em pacientes acamados, seja em hospitais ou em casa.

As escaras surgem de dentro para fora, podendo partir do tecido muscular até o epitélio do paciente e estão relacionadas à circulação dificultada naquela região decorrente da posição de decúbito, geralmente decúbito dorsal, por um longo período de tempo.

Os fatores que podem influenciar as escaras são, além da imobilidade, a umidade, a fricção, a incontinência renal e fecal, a desidratação, a desnutrição, os traumas e as infecções.

No ambiente hospitalar em que encontram-se pacientes com esse tipo de lesão, principalmente em pacientes limitados fisicamente ou comatosos, costuma ser por negligência da equipe hospitalar, pois é de obrigação da equipe manter o paciente nutrido e de realizar a mobilidade diária daqueles pacientes incapazes.


segunda-feira, 11 de junho de 2018

DESPRESCRIÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS

DESPRESCRIÇÃO DE BENZODIAZEPÍNICOS

Novas diretrizes para a desprescrição de agonistas de receptores benzodiazepínicos (ARBs) em adultos na atenção básica foi publicada na edição de Maio do periódico Canadian Family Physician, pelo Dr. Kevin Pottie, da University of Ottawa, no Canadá, e colegas.

Observou-se que os agonistas de receptores de benzodiazepínicos são largamente prescritos como tratamento de longo prazo para insônia e seu uso prolongado pode gerar dependência física e psicológica. Em curto prazo observa-se uma melhoria da iniciação do sono em quatro minutos, e uma hora adicional em sua duração, porém evidencias recentes sugerem que a eficácia dessa droga para insônia diminui em quatro semanas e os efeitos adversos persistem. 

As novas diretrizes são focadas em adultos com mais de 18 anos de idade, especialmente, idosos, em tratamento com ARBs para insônia primária ou insônia associada a outras comorbidades

Nos adultos jovens não foram identificados danos substanciais da desprescrição de ARBs. Os autores ranquearam a recomendação de diminuir gradualmente a dose, como “forte” em idosos e “fraca” nos adultos jovens. Esse último devido ao baixo efeito adverso observado com uso prolongado. 

As recomendações são para que os médicos discutam a necessidade de diminuir gradativamente os ARBs com todos os pacientes idosos, independente da duração do tratamento. Com os pacientes entre 18 e 64 anos, deve ser discutidos com aqueles que não tenham usado estas drogas por mais de quatro semanas.

Os autores ainda enfatizam que estas diretrizes não se aplicaa pacientes com outros transtornos do sono, ansiedade ou depressão não tratadas, ou outras condições de saúde física ou mental que possam causar ou agravar a insônia.

Durante a fase de redução gradual, o algoritmo de desprescrição indica a necessidade do monitoramento dos pacientes a cada uma ou duas semanas para analise dos benefícios esperados (melhoria da cognição, vigília, sedação diurna e incidência de quedas) e dos sintomas de abstinência (insônia, ansiedade, irritabilidade, sudorese e sintomas gastrointestinais). 

A revisão sistemática mostra ainda, que o uso de terapia cognitiva comportamental em combinação com diminuição gradual do ARB melhora a taxa de interrupção de ARB pós-intervenção comparado com diminuição gradual do ARB isolada. Baseado nisso sugere-se que os médicos considerem a utilização de estratégias de gestão de comportamentos para ajudar pacientes com insônia. 

Autor do texto: Luciano Teixeira de Carvalho

Algoritmo da desprescrição de Benzodiazepínicos



sábado, 9 de junho de 2018

BENZODIAZEPINICOS - MOCINHOS OU VILÕES?

BENZODIAZEPINICOS - MOCINHOS OU VILÕES?

Para tratamento farmacológico da insônia é possível lançar mão de vários medicamentos, em especial alguns antidepressivos, anti-histamínicos, antipsicóticos e benzodiazepínicos. Vamos falar um pouco sobre os medicamentos historicamente mais utilizados para esse fim. 

Os benzodiazepínicos são fármacos sintéticos que ocasionam diversos efeitos de relevância clinica no organismo, como: ansiolítico, hipnótico-sedativo, anticonvulsivante e relaxante muscular. Induzem sonolência e promovem alívio rápido da ansiedade, percebidos no primeiro dia de uso. Em caso de toxidade pelo seu uso, existe um antídoto eficaz e específico para uso em emergência, o flumazenil

Nos dias atuais o clonazepam está entre os medicamentos mais vendidos no Brasil. Porém se percebeu alguns efeitos colaterais importantes e um considerável potencial de uso excessivo e de dependência dos BDZs, mesmo com o desenvolvimento de mecanismos de controle para sua prescrição, como por exemplo, a necessidade de apresentação e retenção da receita médica controlada (receituário B) para a compra.

Os BDZ atuam estimulando as ações do ácido gama-aminobutírico (GABA), principal neurotransmissor inibitório do cérebro. Tem como alvo o receptor GABA-A (canal iônico sensível a ligantes), potencializando, por assim dizer, suas ações inibitórias ao se ligarem aos seus receptores. 

Como há ampla distribuição do receptor GABA-A no organismo, aquelas ações inibitórias potencializadas causam variados efeitos conhecidos, como : ansiolíticos, hipnóticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes. 

Os representantes dos BDZ podem ser classificados de acordo com a sua meia-vida: Curta (AlprazolamLorazepamMidazolam); Intermediária (BromazepamClonazepamEstazolamFlunitrazepamNitrazepam); Longa (ClobazamClorazepatoClordiazepóxidoCloxazolamDiazepamFlurazepam).

São absorvidos de maneira inalterada pelo trato gastrointestinal, indicando ser boa opção via oral. Na maior parte dos casos, o pico de concentração plasmática encontra-se entre 30 minutos e 4 horas.  São predominantemente lipossolúveis e capazes de atravessar a barreira hematoencefálica. Sua excreção é renal, por isso deve-se ter cuidado em pacientes com insuficiência renal, preferir os fármacos sem metabólitos ativos. Alguns, ainda somam a excreção por via fecal. 

A metabolização dos BDZ é hepática. Alguns fogem a essa regra, metabolizando por meio de glicuronidação, transformação do metabólito em glicuronídeo, substância hidrossolúvel que posteriormente é excretada pelos rins. A vantagem da Glicuronidação é grande em pacientes idosos ou com algum grau de insuficiência ou doença parenquimatosa hepática, visto que não sofre grandes prejuízos com o avançar da idade ou com a insuficiência hepática. 

Embora sejam eficazes em iniciar e manter o sono, o uso dos BZD exclusivamente para esse fim é desencorajado por conta dos riscos inerentes à classe e das inúmeras alterações verificadas na qualidade e na arquitetura do sono. A causa da insônia deve ser investigada com a busca intensa da patologia clinica ou psiquiátrica que a justifique. Além disso, vários outros fármacos, como hipnóticos não benzodiazepínicos (drogas Z), alguns antidepressivos e antipsicóticos são alternativas importantes no tratamento dos transtornos do sono. 

Os efeitos dos BZD sobre o desempenho psicomotor e a memória são importantes. Os prejuízos na atenção e vigilância causados pelos BZD são dose-dependente. Por esse motivo, deve-se evitar dirigir sob efeito da substância, principalmente idosos que utilizam doses altas e de meia vida longa. A utilização crônica dessa classe de fármaco, por mais de 10 anos em média, pode provocar alterações irreversíveis no desempenho psicomotor e cognitivo.

O uso de BDZ em idosos deve ser cauteloso, pois os prejuízos cognitivos podem ser bem mais importantes que os em adultos, além do risco aumentado de quedas e fraturas. Os idosos que fazem uso de BDZ apresentam taxa de mortalidade mais alta que os que não os utilizam. Quando o seu uso for inevitável, deve ser prescrito doses baixas e períodos curtos, optando pelos de meia vida curta ou intermediária.

O uso de BDZ pode ocorrer em populações pediátricas. Porém, os prejuízos cognitivos a médio e longo prazos e o potencial de dependência levam à preferência por outras classes medicamentosas. Não se recomenda o uso de estazolam e bromazepam.
Em gestantes, existe um consenso de se evitar o uso próximo ao parto, com finalidade de evitar no recém-nascido os sintomas de hipotonia, dificuldades de sucção, letargia, e os de abstinência (irritabilidade, insônia e vômitos). Também não é recomendado o uso no primeiro trimestre de gestação pelo risco de teratogenicidade, mesmo sendo baixo, principalmente com o uso do diazepam. Entretanto, existem alguns registros dessas malformações associados a exposição ao alprazolam. Esses fármacos são secretados no leite materno, o que torna seu uso, nesse período, ainda mais cauteloso, pelo risco de sedação do lactente; deve-se optar por doses baixas e dos que não contenham metabólitos ativos.

Estão contra indicados os BDZ em portadores de glaucoma de ângulo fechado, miastenia grave e pacientes com doenças pulmonares graves. Em portadores do vírus HIV em tratamento com retrovirais deve-se evitar o uso dos fármacos com metabolismo hepático pela enzima CYP450 3A4. 

Em maio de 2018 foi publicada uma nova série de diretrizes clínicas com foco em ajudar médicos da atenção básica a desprescrever, de forma segura, BZD em pacientes adultos. Recomendações baseadas em dados de estudos-chave de deprescrição para insônia e em analises de revisões de danos causados por BZD, preferencias de pacientes, e implicações de recursos. Essas diretrizes serão tema de nossa próxima publicação da psiquiatria neste canal.

Autor: Luciano Teixeira de Carvalho - Acadêmico de medicina